quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

stay

Deixei-te a porta aberta, como sempre o fiz.
Na verdade, desde que te conheci, a porta nunca mais fechou.
Saíram pessoas, entraste tu e fizemos o que entendemos quanto ao que queríamos no momento. Sabias que estivesses do lado de dentro ou de fora, a porta continuaria intacta, só a ver-te passar  por ela, deixando um rasto perfumado ao entrar e um rasto de mágoa e saudade ao sair.
A minha vontade, era muitas vezes de a fechar, entrava corrente de ar, não era seguro, saíam pessoas e não havia ordem. Era um entra e sai muito confuso que se juntava já á minha insegurança.
Quando entraste pela primeira vez, eu não queria fechar a porta, achei que não precisava, enganei-me e fui-me enganando, não queria prender-te, mas quando ias embora, quando passavas pela porta cheio de fúria, eu ia atrás de ti, encostava-me a ela, via-te partir e com o coração despedaçado implorava para ela fechar de vez.
E isso nunca aconteceu.
Era insuportável em mim, a ideia de fazer frio em ti e eu não estar lá para aquecer o teu interior. O meu consciente zangado e o meu orgulho ferido não te queriam mais, mas o meu inconsciente nunca te deixou ir, nunca te deixou sozinho apesar da solidão que sentia, do frio que fazia em mim, chegando mesmo a nevar. E já não havendo lágrimas, que foram geladas naquele inverno de sentimentos, a porta ficou aberta para ti, para voltares aos meus braços, para eu te segurar entre os meus dedos, acariciar o teu rosto e quem sabe, aquecer o teu coração.

E assim a porta fecharia, deixando-te no lado a que pertences

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